domingo, 16 de agosto de 2009

GERMANO CEPA MACHADO

      GERMANO CEPA MACHADO

                                         (*)  THEODIANO BASTOS

                           Foi em 1963 que estive com  o Prof. Germano Dias Machado quando ele lançava o livreto “Os Dois Brasis” no Belvedere em Salvador e em 16 de agosto de 2008, 45 (quarenta e cinco) anos depois, já com quase 83 anos,  após sofrer dois enfartes e colocar quatro stenters, o revejo ainda  lúcido e forte dirigindo os trabalhos do CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação em sua sede à  Rua Souto D´Alva, 98 Barbalho, Salvador, na Assembléia Geral de constituição do CEPA – BRASIL, uma federação para abrigar os CEPAs já existentes e outros que venham a ser constituídos, um sonho que Germano acalentava há anos e também de comemoração pelos 57 anos de existência da entidade, uma marca incrível. O CEPA – Bahia tem história na cultura baiana.   
                                  Falar do CEPA na comemoração de suas 60 anos de existência, é falar do Prof. Germano, uma personalidade singular da cultura na Bahia: polêmico, diferente, distintivo, notável. “Sei que tenho um temperamento difícil, por momentos sou imprudente, não meço tempo e espaço, ou meço-os demais, mas sinto afeto humano, amo meu povo, minha raça tão misturada, minha gente, amo a juventude e todo ser capaz de manter a pureza da infância e mocidade, quando não se deixam prostituir. Peço a quem me  ler que ore a Deus por mim e que o todo Poderoso de Amor tenha compaixão de mim, um pecador mesmo. Que me perdoem o que de mal lhes fiz ou possa ter feito. Deus verá somente o que quis realizar, ser, ofertar, em diaconia tanta  vez mal compreendida, ou quem sab e, também mal executada. E por que escrevo aqui o nome de Deus? Como um brado e um grito contra o materialismo e o ateísmo, em particular, ainda também, dos que falam de Deus e O negam na prática”, diz em seu livro “TEMPO DECORRIDO”, pág. 103.
                                  “Finitude, acabamento? Nunca: não como fim. A morte é o nascimento segundo outro “espaço” e outro “tempo”, na realidade factual. Não acredito mais em “morte”, o “bicho” papão”, peço a Deus que, em Sua misericórdia, não por mim, folhinha solta com alma mais do que sensível, mas por Sua bondade, me poupe de um fim trágico na matéria, como teria no acidente em 1988. Medo? Pode ser, ainda com a maior naturalidade. A morte é conseqüência da vida, inevitável, apenas abre perspectivas e prospectivas hoje inimagináveis” , diz ainda no mesmo livro. 
                                    Apesar de apoiar abertamente  o Movimento Militar de 1964,  inclusive com artigos publicados na imprensa da Bahia,  revoltou-se com a edição do Ato Institucional  nº 5 e  “comecei a distanciar-se da Revolução e, por isso, só reabri o CEPA em 81 ao verificar que a anistia estava chegando e a redemocratização viria”, revela.
                                    Fui cooptado pelo Prof. Germano Machado quando estudava no Colégio Central em Salvador, e fiz parte da diretoria do CEPA em 1959. Foi também no Central que vim a conhecer minha esposa, Maria do Carmo, com a qual estou casado há 50 anos, (e formamos uma família feliz e hoje somos 17, com quatro filhos, quatro netos, três netas, duas noras e dois genros).  E o Prof. Germano Machado e o então jovem presidente do CEPA, Walney Moraes Sarmento, hoje PhD em Filosofia na Alemanha e atual professor da Faculdade de Direito do Vale do São Francisco, em Juazeiro, testemunharam em 09/08/1961, na igreja de Santana em Salvador, o meu casamento com Maria do Carmo e agora já comemoramos as BODAS DE OURO.
                                   Glauber Rocha, o  polêmico cineasta, também foi membro do CEPA e após sua morte prematura, Germano Machado escrever sobre ele o livro UM GLAUBER INEGÁVEL e sobre as acusações feitas pelo Glauber, diz o Germano no livro: “O CEPA não era um órgão Integralista, nem ligado aos “´águias brancas”.. Ali dentro não havia o menos resquício de doutrina política, refuta Germano. “jamais passou aos jovens filiados suas idéias pessoais (se desejou fazê-lo, não encontrou condições objetivas que o encorajassem, nem tão pouco se confessava  integralista), No  CEPA, embora este chamado de direitista pelo mesmo Glauber Rocha em arroubo político fantasista, deve-se lembrar que se vivia o período turbulento da Guerra Fria. E todos eram tachado como de “direita” ou “esquerda” e os diferentes, como este autor, eram pressionados olhados com desconfiança pelos dois lados. Pouco atuei quando fui diretor do CEPA aí em Salvador, pois logo me casei e não pude conciliar o trabalho como bancário e como membro da diretoria do então Sindicado dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e Securitário do Estado da Bahia. Fui bolsista da USAID e ao retornar dos Estados  Unidos em março de 1963, com o fervilhar da Guerra Fria, perdi o emprego com uma filhinha de apenas 2 anos e a esposa grávida. Tempos terríveis aqueles.

O texto está na Internet no Blog ongcepa.blogspot.com e no OFICINA DE IDÉIAS – (O Blog do Thede) (theodiano.blogspot.com.
                    (*) Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros: O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e coletâneas e é presidente da ONG CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, em Vitória – ES www.proex.ufes.br/cepa


                                

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