sexta-feira, 23 de novembro de 2012

BRASIL: RISCO DE DESINTEGRAÇÃO SOCIAL





         Guerra Civil Urbana:                                     A desintegração social do Brasil?
                        THEODIANO BASTOS

Nota: Este texto foi encaminhado para a Presidenta Dilma Rousselff e está no  theodianobastos.blogspot.com

A ameaça vem das periferias
O teólogo Leonardo Boff já advertia em 2006, conforme disse em seu artigo “A Verdadeiro Guerra das Civilizações” e em seu livro "Planeta Favela"(2006), no qual apresenta uma pesquisa minuciosa sobre a favelização que está ocorrendo aceleradamente por todas as partes, para afirmar que a guerra de civilizações se dará entre a cidade organizada e a multidão de favelas do mundo”.
Isso é assustador. Na periferia das grandes cidades brasileiras têm  milhões e milhões de adolescentes entre 13 a 16 anos, que não estudam nem trabalham, de famílias desestruturadas e sem nenhuma expectativa de vida,  prontos para serem mobilizados para a prática de todo tipo de crime, como incendiar ônibus, matar policiais etc.
RISCO DE CONVULSÃO SOCIAL  
O presidente do Senado, José Sarney, disse nesta segunda (19/11/12) que o crime de homicídio está banalizado. Para ele, é preciso alterar a atual legislação penal para que os criminosos parem de responder a este tipo de delito em liberdade. “No Brasil está acontecendo uma coisa terrível, que é realmente a banalização do crime de homicídio. A vida desapareceu como bem maior do ser humano”, disse Sarney. Ele defendeu o aumento de rigor na coibição de crimes de homicídio em suas várias formas e pediu aos colegas a aprovação do Projeto de Lei que traz essa mudança. “Temos a pior do mundo estatística, enquanto ocupamos o primeiro lugar com a terceira população do mundo e temos 12% de todos os homicídios. Isso já significa nossa posição”, justificou.
Um dos interlocutores mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho disse nesta terça-feira que a onda de violência na Grande São Paulo mata mais gente que o conflito na Palestina.
"Ontem (segunda-feira) a gente estava alarmado com os mortos na Palestina e as estatísticas mostram que só na Grande São Paulo você tem mais gente perdida, assassinada, do que num ataque nesses. A gente tem de ter consciência disso", disse o ministro a jornalistas, após participar de cerimônia de instalação da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, no Palácio do Planalto
 Mônica Bergano,  Folha de São Paulo(21/11/12), diz:
“A cada 9 minutos e 48 segundos uma pessoa é assassinada no Brasil. É o "cronômetro" mais acelerado entre os dez países de maior PIB do mundo. Nos EUA é registrada uma morte a cada 34 minutos; no Japão, uma a cada 813 minutos e no Canadá, uma a cada 861 minutos.
ESCALADA O ranking foi feito pelo IAB (Instituto Avante Brasil), dirigido pelo jurista Luiz Flávio Gomes, com base em dados do Ministério da Saúde e da ONU. O Brasil, que ocupa a 20ª posição no ranking mundial da violência, deve fechar o ano com 53,8 mil homicídios, de acordo com projeção do instituto. Ou 27 por grupo de 100 mil habitantes.
ESCALADA 2 Nos números das dez maiores economias do mundo projetados e compilados pelo IAB, a Rússia, que aparece na 67ª posição mundial de violência, registra 11 homicídios por grupo de 100 mil habitantes.
AINDA PIOR E a cada 11 minutos e 21 segundos uma morte é registrada no trânsito brasileiro.
Já Luiz O. Coimbra, O Globo (28/11/12), diz: “A onda de homicídios em São Paulo, os desaparecimentos forçados de pessoas em Goiás, as mortes violentas no Peru, a explosão dos assassinatos na América Central e a matança cotidiana dos cartéis mexicanos são parte de um mesmo fenômeno: o crime organizado.
Nosso continente está infestado por quadrilhas armadas, narcotraficantes, milícias, sequestradores, assassinos por encomenda e exploradores do tráfico de pessoas.
Mas o reconhecimento deste quadro, que poderia facilitar uma resposta coordenada dos Estados, carece de confirmação oficial. Como medir a ação do crime organizado?
O governo do México informou que 150.000 pessoas morrem todos os anos, nas Américas, vítimas da violência mafiosa. O Relatório de Segurança Cidadã nas Américas 2012, publicado pelo Observatório de Segurança Hemisférica da OEA, faz coro com documentos da ONU e do Banco Mundial, responsabilizando a delinquência organizada pela escalada de violência nas Américas.
Os indicadores de homicídios no Brasil apresentam altas taxas de assassinatos de homens, jovens, com a utilização de armas de fogo: quadro típico dos perfis de mortalidade do crime organizado.
Já os dados do Ministério da Justiça indicam uma queda na taxa de homicídios por 100.000 habitantes entre 2000 (26,5) e 2010 (21). O Ministério da Saúde apresenta dados divergentes.
O Anuário de Segurança Pública 2011, editado com o apoio oficial, afirma que a comparação das fontes estatísticas de segurança pública e saúde é a principal forma de controlar a confiabilidade. O Anuário recomenda cautela na análise, pois “as polícias estaduais nem sempre oferecem dados completos”.
É importante notar que o debate sobre dados sobre violência dos setores de saúde e Justiça é antigo. Para calcular as mortes violentas, o Ministério da Saúde faz a coleta das declarações de óbito nos hospitais e institutos de medicina legal. Nestes casos, cabe ao médico decidir sobre a causa básica da morte e atribuir a ela o código correspondente da Classificação Internacional das Doenças (CID-10).
Este sistema vem sendo aprimorado, mas ainda enfrenta problemas de cobertura e qualidade dos dados. Os registros de morte sem causas definidas e os cemitérios clandestinos, onde as vítimas são enterradas sem registro, são problemas para a medição”.
Renato Onofre, O Globo, (27/11/12) diz:
Que a cidade de Salvador que registrou 25 homicídios em apenas 72 horas no último fim de semana, de acordo com levantamento feito pelo GLOBO, Salvador vive há mais de dez anos uma explosão nos números de violência. Segundo o Mapa da Violência, do Instituto Sangari, em 2000, a capital baiana estava entre as três capitais com menores taxas de homicídios do país. Naquele ano, Salvador registrou 12,9 homicídios por cem mil habitantes.
Em 2010, Salvador registrava 69 homicídios por cem mil habitantes, um aumento de cinco vezes, pulando para a quarta colocação no ranking das capitais mais violentas, atrás apenas de Maceió, João Pessoa e Vitória. Hoje, Salvador tem a taxa de homicídios de 61 por cem mil habitantes, cinco vezes mais do que estabelece as Organizações das Nações Unidas (ONU) como suportável para grandes cidades: de 12 por 100 mil.
Para o professor Eduardo Paes Machado, especialista em Sociologia do Crime, Vitimização, Violência Relacionada ao Trabalho e Segurança Pública da Universidade Federal da Bahia, a perda da autoridade do estado no setor de segurança pública é uma das causas do aumento da violência.
O crescimento da criminalidade se deve à ineficácia do sistema de contenção da violência. O modelo de combate está falido. Tem que haver uma nova engenharia jurídico-policial para acabar com essa espiral de violência. A política de retaliação não funciona mais. Antes, o aumento de contingente policial nas ruas bastava para reduzir a onda de violência. Hoje, não. O que vemos é o estado se igualando aos bandidos, partindo para a retaliação.
Em 31/10/12 o taxista que nos levou ao aeroporto, que se disse policial, em conversa sobre o aumento da violência em Salvador,  ao ser informado que Em Vitória adolescentes, a mando dos bandidos, tatuam no corpo a figura de um palhaço que “simboliza matador de policial”, disse: “aqui na Bahia  quem matar um policial morre” 

Luis Nassif, diz em (19/06/2012): 
... ”Mas são exatamente estes efeitos colaterais sentidos na sociedade que mais importam, porque, mesmo com a recuperação recente das economias destes países, o déficit social foi tão grande durante todo este período que se enraizou em suas sociedades as formas mais diversas de problemas sociais: além do desemprego que continua sendo um grande problema, outras formas mascaradas de desemprego, subemprego ou ocupações vulneráveis se tornaram insolucionáveis nestes países, além da criminalidade, da pobreza e da miséria que alimentam outros tantos vícios sociais.
A questão é que nos países latino-americanos, secularmente compelidos a conviver com estas questões, o tecido social não se dilacerou por conta de conflitos e guerras civis. Não se pode dizer o mesmo das sociedades européias. Lembrando as palavras de Robert Castel: a questão não é saber se estas sociedades vão ou não mergulhar numa profunda convulsão social, com conflitos desagregadores, mas o limite a partir do qual elas começarão a mergulhar em tais conflitos.
A desintegração social nalguns países da Europa manifesta-se pelo caos criado pelos jovens e não jovens, de vez em quando, tal como as pragas que se manifestam virulentamente e de repente desaparecem sem deixar vestígios.
A sociedade europeia CE não está preparada para viver em convulsão social, como acontece nalguns países deste mundo. Assim quando sofre impactos sociais como o da Noruega e o do Reino Unido, fica perplexa e com as populações indígenas sem perceberem o contexto.
Se vivessem no Iraque, no Paquistão, na África do Sul, na Nigéria, estes ingleses percebiam melhor estas ondas oportunistas, de destruição e roubo.
Esta situação de guerrilha urbana em Londres e arredores, só nos mostra que a entropia social é o estado para o qual a sociedade tende naturalmente, se não existirem valores bem definidos e comuns em toda a população de uma nação.
O gozo e o poder que se sente quando se destrui os bens dos outros é catártico e psicanaliticamente dominante.
O QUE FAZER?
A situação é de emergência e exige medidas urgentes para conter a desintegração social do Brasil.
Daí a necessidade de se acionar o Ministério da Justiça, o Poder Judiciário, a Câmara e o Senado e o Ministério Público, para que seja enviado ao Congresso Nacional um Conjunto de leis emergenciais, com validade de 10 anos, a serem votadas em caráter de urgência visando a segurança pública, como sejam:
1 - Drástica revisão no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, com a redução da idade penal para 16 pois não é aceitável que um pivetão de 17 anos e 11 meses possa matar, estuprar e pouco tempo depois estará livre com a ficha limpa
2 - Construção de Colônias agrícolas, que atualmente não podem ser construídas porque os presos têm de ficar perto de sua família.
3 - Unificação das polícias Civil e Militar.
4 - Dado a gravidade do quadro da situação, não se deve ter constrangimento em enquadrar na LSN – Lei de Segurança Nacional quem queimar ônibus, sabotar instalações de comunicação, energia e transporte.
5 - Quem matar um policial será punido com 30 anos de prisão, sem direito a progressão da pena ou outros direitos. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

JOSÉ DIRCEU, DELÚBIO E GENUÍNO SÃO CONDENADOS



“O mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil”, segundo a definição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.                               O mensalão, (Ação 470), era mesmo um sofisticado esquema criminoso. Tinha três núcleos: o político, o operacional e o financeiro.

A definição das penas do núcleo político petista está sendo vista, e não só no estrangeiro, como demonstração de que o tempo da impunidade de ricos e poderosos está ficando para trás. Não creio que a corrupção desaparecerá da nossa vida política, mas o julgamento do mensalão pode ser o início de um processo que transformará a corrupção política em jogo de alto risco. A certeza da punição se encarregará de refrear o apetite com que hoje políticos de todos os partidos se jogam na corrupção, na certeza de que nada lhes acontecerá.


Da mesma forma, os chamados “crimes do colarinho-branco” têm nas decisões do STF caminhos mais claros para serem punidos, com a jurisprudência que ficará sobre lavagem de dinheiro ou formação de quadrilha, por exemplo, sem falar na famosa teoria “do domínio do fato”, que, com base em provas testemunhais e indiciárias, pode ser usada com mais frequência em crimes em que o mandante não costuma deixar rastros visíveis.

Decisão do STF deixa Dirceu inelegível até 2031

A inelegibilidade decorre da aplicação da Lei da Ficha Limpa (135/2010). Sancionada em 2010, essa lei prevê inelegibilidade de oito anos para os condenados por órgãos colegiados. Anota que o prazo começa a ser contado após o cumprimento da pena.

O STF anunciou nesta segunda-feira a pena de dez anos e dez meses de prisão para o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, mais multa de R$ 676 mil. Ele foi condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa.
Homem forte do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu ainda goza de prestígio no partido e deve continuar influente, mesmo após a condenação, de acordo com analistas.
“Ele com certeza vai continuar influente. Se estiver dentro da cadeia, ele dá as ligações dele de lá”, diz o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB). “Estou convencido de que se alguém desse esquema for preso, eles vão continuar com os esquemas dentro da cadeia.”
Para o cientista político Matthew Taylor, da American University, em Washington (EUA), Dirceu ainda é um político muito influente, "capaz de continuar a operar, apesar de ter sido condenado no mais alto tribunal do país por alguns atos bem sujos".
O ex-presidente do PT José Genoíno foi sentenciado a seis anos e 11 meses e multa de R$ 468 mil. O ex-tesoureiro do partido, Delúbio Soares, também foi condenado.
O escândalo de corrupção descoberto em 2005 levou à condenação, no mês passado, de 25 dos 37 réus do processo, incluindo Dirceu e outros dois outros membros do Primeiro escalão do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno e Delúbio Soares, ex-presidente e ex-tesoureiro do partido, respectivamente.
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi condenado a 8 anos e 11 meses de prisão por seu envolvimento no mensalão, decidiu nesta segunda-feira o Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-tesoureiro do PT também terá que pagar R$ 325 mil.

Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, havia aceitado um carro da marca Land Rover de presente da empreiteira GDK. A empresa tinha contratos com a Petrobras. Escapou do julgamento do mensação graças ao acordo com o Justiça que lhe permitiu cumprir uma pena alternativa e hoje é um próspero empresário e tendo a Petrobras como patrocinadoras de seus eventos...
O empresário Marcos Valério, chefe operacional do esquema, foi condenado a mais de 40 anos de reclusão; os seus dois ex-sócios, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, a 29 anos e a quase 26 anos, respetivamente; e a sua ex-funcionária Simone Vasconcelos a mais de 12 anos. As penas podem ainda ser alteradas até a conclusão do processo. Ele também foi condenado a pagar quase de R$ 3 milhões em multas.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal definiram uma pena inicial de 14 anos para Ramon Hollerbach, ex-sócio do publicitário Marcos Valério, considerado o operador do esquema de compra de apoio político que ficou conhecido como mensalão. Ele também deverá pagar um multa de R$ 1,634 milhão.
A ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, do núcleo financeiro do esquema, foi condenada nesta segunda-feira a 16 anos e oito meses de prisão, o que significa que a pena será cumprida inicialmente em regime fechado. Ela foi a primeira integrante do núcleo financeiro do mensalão a ter as penas decididas pelos ministros do Supremo, para os crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas. Kátia, a primeira banqueira condenada pelo STF, também terá de pagar multa de R$ 1,5 milhão.

“Estamos a tratar de uma grande organização criminosa”, disse o Ministro Celso de Mello (STF) sobre os mensaleiros que atuavam à sombra do poder. O que se viu, então, é que os ministros do Supremo — a maioria nomeada por governos petistas, (7 dos 10 atuais ministros) e com a indicação de Teori Albino Zavascki, para substituir Cezar Peluso, aposentado compulsoriamente aos 70 anos em 20/08/12, o STF volta a ter 8 dos 11 ministros indicados pela República Sindical.
 
Como dirigentes partidários ousam suspeitar da isenção de uma Corte cujos membros em sua maioria foram indicados por Lula e Dilma e que, portanto, não têm qualquer razão para lhes ser deliberadamente hostis?
Os juízes do STF não julgaram um caso comum, mas um estratagema golpista devotado a esvaziar de conteúdo substantivo a democracia brasileira. Segundo o Dep. Fernando Gabeira, ex-petista: “o sonho do PT é o modelo chinês: autoritarismo político e liberalismo econômico”.  Isto é, partido único, sem liberdade de pensamento nem imprensa livre, em que crítica ao governo é considerado delito de opinião etc.  

No julgamento do STF, onde a farsa do mensalão foi desmontada, o ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF (que chegou a ser candidato a deputado pelo PT em Sergipe, mas não se elegeu!), em seu voto condenatório do mensalão e de José Dirceu, Delúbio Soares e José Genuíno disse:

“Um projeto de poder foi arquitetado, que vai muito além de quadriênio quadruplicado. É continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos quadros de dirigentes”.




sábado, 10 de novembro de 2012

CENÁRIO POLÍTICO






CENÁRIO POLÍTICO APÓS AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012
             Theodiano Bastos

        Apesar de alarde do PT, não houve hegemonia de nenhum partido na eleição municipal de 2012.

         E ao se analisar o mapa com os resultados das eleições municipais de 2012, emergem no cenário político nacional dois líderes: Aécio Neves e Eduardo Campos.

         O PT ganhou apenas em 10% dos municípios e os outros
90%, com 80% dos eleitores foram pulverizados entre os outros partidos. A vitória em São Paulo, que representa 5% do eleitorado brasileiro não compensou as derrotas em Recife, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, e Porto Alegre, apesar todo empenho de Lula e Dilma. Em Vitória, a ex-ministra de Dilma, a dep. Federal Iriny Lopes, do PT, nem chegou ao segundo turno e só teve 18% dos votos, apesar de toda cobertura de Dilma e Lula. Vejam esses dados:
          2012, segundo turno:
Fernando Haddad, 3.387.720 (55,57%)
José Serra, 2.705.768  (44,43%)                                                                                                 Abstenção: 1.722.880 919,99%); nulos: 500.578 (7,26%) e branco: 99.224 (4,34%)

Apesar de toda euforia, Haddad teve menos votos em 2012 que Kassab em 2008, vejam:  
2008, segundo turno:
Gilberto Kassab, DEM, 3.790.558 (60,72%
Marta Suplicy, PT, 2.452.527 (39,28%)





              Ao se analisar o mapa com os resultados das eleições municipais de 2012, emergem no cenário político nacional dois líderes: Aécio Neves e Eduardo Campos.
Na parte do País onde o governo federal fincara sólidas bandeiras é visto com festejo: Salvador, Teresina, Maceió, Manaus, Belém e Aracaju. Inclui Fortaleza e Recife, conquistas do PSB em confronto com o PT, para dizer que a invencibilidade de Lula é um mito e a boa avaliação de Dilma não resulta necessariamente em influência de voto.
A presidente e Lula se empenharam pessoalmente em cinco cidades, (Belo Horizonte, Campinas, São Paulo, Manaus, Salvador) e perdeu em quatro. 
Em número de municípios, o PMDB continuou em primeiro lugar, o PSDB em segundo e o PT em terceiro. Mas mesmo com o julgamento do mensalão, o PT cresceu em votos nos 85 maiores municípios do país, passando de 9,6 eleitores para 15,2; O PSB foi o que mais cresceu, passando de 3,1 milhões de eleitores para 7,7; PMDB decresceu de 12,8 para 7,4; o PSDB cresceu um pouco, passando de 6 para 6,4; o PDT também cresceu, passando de 2,8 para 3,7 e o DEM passou de 9,9 para 3,1 e o PSD, disputando uma eleição pela primeira, conseguiu 1,4 milhões de eleitores entre os 85 maiores colégios eleitorais do país.  O Bolsa Família falou mais alto...

Estranhamente a oposição ganhou no Norte e Nordeste, redutos do PT e perdeu terreno no Sul e Sudeste. Na Bahia, por exemplo, Dilma teve 64% dos votos em 2010 e em Salvador perdeu para o DEM com ACM Neto. 

O PSB aparece como sucessor do PT na eleição presidencial de 2014. O partido que mais cresceu em relação a 2008, conquistou Recife e Cuiabá e reelegeu o prefeito de Belo Horizonte, com Márcio Lacerda. As vitórias nas capitais de Pernambuco e Minas Gerais têm maior peso político não apenas pelo expressivo eleitorado das duas cidades, mas porque houve confronto direto com candidatos do PT.

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 2014, CENÁRIO

O PT tem atualmente na Câmara 85 deputados (16% em 513) e no Senador, 14 senadores (17% em 81). Desta forma a base aliada é completada com adesismo  de 17 partidos, mediante oferta de cargos e liberação de emendas.. São 366 deputados e 63 senadores que formam a base governista no Congresso, onde domina com 71,3% da Câmara e 77,7% do Senado, porcentual  que nem Hugo Chaves conseguiu na Venezuela, onde tem 64% dos votos...

E se Aécio Neves do PSDB firmar coligação com Eduardo Campos, não tenhamos dúvidas de que essa dupla ganhará a eleição presidencial de 2014, derrotando Dilma ou Lula.

Articulações já existem propondo a aliança política entre Minas, São Paulo e Pernambuco, tendo Eduardo Campos como candidato a presidente e Aécio Neves como Vice. Ao vencerem as eleições, implantariam o parlamentarismo e Aécio seria o Primeiro Ministro. A conferir.








Em Recife, o PT acabou com o PT.
“Foi um rol de trapalhadas", afirmou Wagner, sobre o conflito que resultou na divisão da legenda, no rompimento da aliança com o PSB e no fim da hegemonia local”.
Humberto Costa acabou em terceiro lugar, com 17% dos votos. Geraldo Julio (PSB), apadrinhado pelo governador pernambucano Eduardo Campos, venceu a eleição de Recife no primeiro turno com 51% dos votos.
Diz Heitor Carvalho, da UFMG:

“Descontadas as bravatas do tipo "sindical" em que qualquer resultado da greve sempre É PRECISO TROMBETEAR
QUE GANHAMOS porque senão na próxima ninguém vai querer "embarcar em canoa furada"  é ainda meio cedo para analisar as consequências para 2014. Os eleitos ainda não tomaram posse, não organizaram suas respectivas "bases aliadas" e os cenários nacional e internacional estão ainda "assimilando" as diversas mudanças.
O que acontecerá na China, nos EUA, na Europa? Esses macroimpactos na economia ainda vão repercutir de forma impactante no Brasil. Outra consideração importante é a evolução da demografia. Em 2012 muitos dos novos eleitores nunca terão tido participação naqueles históricos comícios de "Lula lá" mas terão ouvido falar - mesmo que ligeiramente- - no mensalão, no ministro Barbosa do Supremo Tribunal Federal.
Se o Haddad seguir a "tradição" de "aparelhar a prefeitura" será muito mais difícil esconder os mal feitos (tipo ENEM, Cotas,
Parfor e outras coisas feitas no MEC atrás de uma barragem de propaganda) porque tudo estará bem à vista da população. As "Cotas" na Universidade, na verdade concreta, são irrisórias porque depedem de tantos cálculos, como o da percentagem de autodeclarados negros, pardos e indígenas, em cada estado e na "progressiva" implantação em três anos, que concorrer "sem cota" acaba tendo uma relação "candidato-vaga" mais favorável. Isto pode ser constatado entrando-se nos sites das universidades e examinando os quadros-planilhas de vagas-cota por curso. Não está sendo divulgado que as Federais estão com índices de evasão de 40 a 60% em todos os cursos. Muitos novos ingressantes quando descobrem que como estudantes terão que fazer uma coisa horrível e que nunca fizeram antes na sua vida escolar pregressa, isto é, ESTUDAR, abandonam.

Acham que não vale a pena tanto esforço para depois ganhar um "salário" menor do que com os "biscates" que andam fazendo.
A falta de tradição de estudo nas famílias é uma luta inglória. Na residência não há um lugar para guardar livros (o que é isto?), ou
em que se possa ter uma hora de silêncio relativo para concentração. Muitos dirão ao calouro que estudar muito faz ficar doido, que se ganha mais dinheiro com o comércio, que nunca conseguirão vencer porque tudo já é para as elites, e assim por diante.
Junte-se a tudo isto as dificuldades maiores que acabam enfrentando por várias dificuldades como transporte, horários, alimentação, falta de conhecimentos que são pré-requisitos, falta de adaptação das próprias escolas e professores para atender às necessidades deles e o resultado é o abandono ou fracasso. Isto reforça tudo que o discurso "contra" já vaticinou. Quando uns poucos de todo esse grupo chega a vencer então vai aparecer na "propaganda oficial" e em "entrevistas" na Voz do Brasil  para uso eleitoreiro...”















PAULICEIA DESNORTEADA
Diz Dora Kramer, (O Estado de S.Paulo, 30/10/12):
A gênese da candidatura de José Serra à Prefeitura de São Paulo é de alguma forma síntese das tormentosas bifurcações que assolam o PSDB. Alto nível de rejeição a Serra por ter renunciado ao cargo de prefeito para concorrer ao governo do estado e depois renunciou para candidatar-se a presidente em 2010.
Russomano desabou na reta final ao lançar o bilhete fracionado no lugar do bilhete único, e quem morava mais longe pagaria mais.
PT já tinha governado São Paulo com Luíza Erundina e depois com Marta Suplicy e agora reconquista a prefeitura com Fernando Haddad, uma vitória inesperada do PT.  Haddad é eleito prefeito com menos votos do que Kassab obteve em 2008.
O PSDB errou feio em São Paulo. Ao invés da renovação, partiu para mais do mesmo e deu no que deu.
De acordo com os dados da apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 19,99% dos eleitores da capital paulista – 1,72 milhão de pessoas – não compareceram às urnas neste domingo. No primeiro turno, realizado no dia 7 de outubro, o percentual havia sido de 18,48%.
No pleito deste domingo, o percentual de votos em branco e nulos foi menor em comparação ao primeiro turno, segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os votos brancos, que no primeiro turno chegaram a 5,43%, ou 381.407 de votos, somaram 4,34% do total (299.224 votos) no segundo turno. Os votos nulos passaram de 516.384 (7,35% dos que foram às urnas) no primeiro turno para 500.578 (7,26% do total) neste domingo.
“Serra foi candidato por insistência do partido que lhe negara a presidência do instituto nacional de estudos (Teotônio Vilela) no ano anterior e na prévia municipal deu-lhe o aval de candidato com pouco mais da metade dos votos (52%).
Em miúdos, o partido queria, mas não queria muito. Houve quem enxergasse na candidatura a prefeito uma oportunidade de tirar Serra definitivamente da disputa de 2014 - projeto por ele acalentado, embora não necessariamente para presidente -, houve quem preferisse apostar na escolha de um dos quatro candidatos à prévia, mais ou menos equivalentes no tocante à baixa densidade na largada.
Não enfrentou a questão das renúncias de Serra, uma quando era prefeito e renunciou para se candidatar ao governo e quando novamente renunciou em 2010 para ser candidato a presidente. nem soube separar as duas fases da gestão de Kassab, uma como herdeiro, outra como prefeito eleito.
Houve alertas internos nesse sentido? Houve, mas caíram no buraco negro das dissensões, teimosias, animosidades, autofagia, corpo mole e tudo o mais que agora desautoriza as reclamações do departamento de engenharia de obra feita. Se houvesse unidade, comando e tirocínio no partido, o efeito deletério não teria encontrado terreno fértil”, conclui Dora Kramer.











 ELEIÇÃO EM SALVADOR
O autor deste blog estava em Salvador dia 28/10/12, na eleição do segundo turno.
Havia militantes do PT agitando bandeiras vermelhos, como um enxame de abelhas para tudo quanto é lugar.
Segundo informavam, muitos desses militantes foram trazidos dos municípios da Grande Salvador e até de Sergipe. Todos os ônibus urbanos tinham adesivos colados nas laterais e na parte traseira com a estrela vermelho do PT com o 13.
Houve um vale-tudo total, ganhar de qualquer jeito. E apesar do enorme empenho de Lula e Dilma e do governador Jaques Vagner e da máquina do PT, ACM NETO do DEM, Nelson Pelegrino foi derrotado.
ACM Neto teve quase 94 mil votos a mais.



Abstenção no primeiro turno das eleições supera 16%.

22,7 milhões de eleitores não votaram, 4 milhões a mais que em 2008. Maior abstenção ocorreu no Maranhão (19,6%) e menor, em Sergipe (7%). Com 100% dos votos apurados no 1º turno destas eleições, 22,73milhões de eleitores não compareceram às urnas para escolher umcandidato, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com isso, o nível de abstenção no país chegou a 16,41% dos 138,5 milhões de eleitores do país.

Conclusões: Apesar do julgamento no STF e a condenação de figurões do PT, isso pouco influiu no eleitorado do Bolsa Família e em São Paulo, o PSDB errou feio ao insistir mais do mesmo e a vitória de Haddad também foi obra do marqueteiro João Santana.